terça-feira, julho 28

Apenas um defeito.

O dia amanheceu cinza e choramingoso. Ela, com uma xícara de café fumegante nas mãos, olhava pela janela gotejada, com um olhar distante e cansado. Bebera todas na noite anterior, e acabou ficando horas abraçada com a privada... Mas tudo bem, isso foi só por ansiedade. Iria reencontrar seu amor hoje pela noite, e aspirava ter um bom dia.
Apesar de ser uma beberrona, tinha uma bela aparência: morena dos olhos verdes, boca linda e um belo corpo bronzeado com medidas perfeitas. Ela só tinha um defeito: amar demais. De um jeito louco e possessivo, literalmente.
Tomou banho, vestiu-se e foi fazer compras. Pela tarde voltou com várias sacolas, roupas, comida e uma lingerie nova, que obviamente pretendia usar com seu amado. Nao esqueceu, contudo, do seu vidrinho de pílulas milagrosas, a parte fundamental da noite (não, não era viagra). Ela realmente estava muito ansiosa e feliz, queria preparar tudo para a chegada do 'novo' amado. Ao fim da tarde fez do seu quarto um ambiente perfeito para uma noite de amor, com pétalas de rosa no chão e lençóis de seda vermelhos. Ela amava muito. Amava loucamente.
É noite e ele chega. Está tão ansioso quanto ela -a primeira noite de amor deles enfim chegou. Ela o espera com um jantar maravilhoso, em seus olhos se pode ver a alegria e o desejo. Os dois comem e bebem em silêncio, trocando apenas alguns olhares maliciosos. Por um segundo, ele jurou ter visto algo a mais no olhar da amada, algo como um olhar de satisfação, ao vê-lo tomando a bebida que ela mesma havia preparado exclusivamente para ele..
Depois de um tempo vão para a cama, deitam, mas ele se sente meio sonolento. Ela o beija, ele luta contra o sono, ela continua beijando. Ela o ama. Não demora para que ele caia em sono profundo, e essa é a hora dela. Sem hesitar, ela vai até a gaveta pega os instrumentos. Pronto, cortou. Se sente melhor agora. Abre o armário, e lá está ele, um caixote cheio de potes com muitos pênis de variados tamanhos. Guarda com cuidado o novo membro da coleção, e fica de boa. É, ela ama a todos.
Loucamente.

terça-feira, julho 21

Coito

Todos os movimentos do amor
sao noturnos.
Mesmo quando praticados
à luz do dia.

Vem de ti o sinal
no cheiro ou no tato
q faz acordar o bicho em seu fosso:
na treva, lento
ele se desenrola
e desliza
em direçao a teu sorriso :D

Hipnotiza-te com seu guizo
Envolve-te em seus aneis corredios
Beija-te a boca em flor
e por baixo
com seu esporão
te finca, te fode.

e se fundem no gozo
depois
desenfia-se de ti
e ao teu lado, na cama
recupero minha forma usual.

segunda-feira, julho 6

Um depoimento de merda

''Bom...algum tempo atrás eu tive problemas com álcool. Deixei para trás uma casa, um emprego, uma vida..
Tava saindo do trabalho quando passei na frente de um boteco e senti cheiro de coxinha. Resolvi entrar. Lá tive meu 1° contato com bebidas alcoólicas. Tudo começou com 2 bombons recheados com rum. Depois passei pra cerveja e resolvi experimentar uma dose de whisky. Virei a noite bebendo, fui parar no hospital. Quando saí, resolvi comemorar com um drink, e depois disso nunca mais fui pra casa. Perdi o emprego e as pessoas me excluíram da sociedade pouco a pouco. Mas eu não me importava. Queria estar justamente ali onde estava: no 'bar do Banzé', com todas aquelas bebidas e coxinhas disponíveis. Depois de 3 meses, acabei casando com o 'seu Banzé'. Bebíamos juntos, sobrevivendo apenas de coxinha e álcool.. e assim fomos felizes por 3 semanas, até o dia em que ele morreu; bem, pelo menos eu ainda tinha as bebidas e o bar. Nao comuniquei a ninguém a morte do Banzézito (era como eu o chamava), pois eu estava ocupada demais para isso, só pensava em beber. Duas semanas se passaram até que a policia invadisse o local, levando embora o corpo de Banzé e me jogando em uma clínica de reabilitação, me afastando das bebidas, meu néctar precioso.
Felizmente, uma luz apareceu em meu caminho e me recuperei do vício, depois de ficar 1 ano e meio na clínica. Saí, arranjei um emprego num orfanato e me esforcei pra cuidar bem de todas aquelas crianças tristes. Algum tempo depois adotei um pretinho, e lhe dei amor e comida. Cinco anos atrás me candidatei a prefeita na cidade onde morava. Nao demorou para que eu fosse eleita deputada estadual e logo depois candidata a presidente na Bolívia. Meu filho cresceu, ficou branco e virou estrela, mas acabou morrendo e agora é considerado santo. Ainda sou presidente na Bolívia, mas fiz uma cirurgia e agora sou homem, pois desde que Banzezito morreu nao fui capaz de amar nenhum outro homem e virei lésbica.
Meu nome agora é Evo Morales.